O Museu na Relva de Ilídio Magueja, a Associação Desportiva Cultural e Recreativa Relvense, a Freguesia das Monteiras, o Município de Castro Daire através da sua Biblioteca Municipal e a Binaural Nodar, desenvolveram a atividade cultural e comunitária “Segada e Malhada do Centeio”, a qual decorreu na aldeia da Relva, no sábado, dia 01 de agosto 2020, a partir das 08h00.

A atividade consistiu num percurso de trabalho, animação e gastronomia através de vários pontos da aldeia da Relva, de forma a ser revivido o ancestral espírito de entreajuda nas tarefas ligadas ao centeio, tal como existiu nas aldeias serranas do Montemuro até há poucas décadas atrás.

“Estamos em pleno Verão, altura da segada do centeio, sendo este o primeiro cereal a ser colhido para encher as caixas onde é armazenado para durante o outono e inverno ser o garante do pão para a alimentação das pessoas, assim como o milho e as batatas e o feijão. Todos estes bens alimentares, alguns dos depois de transformados em farinha e posteriormente em pão, outros depois de cozinhados, servem de alimentação às populações desta região. O centeio que agora estamos a segar foi semeado por volta do mês de setembro, mas antes já houve outras atividades para que possamos ter esta qualidade de grão tão bem constituído, durante a primavera e parte do verão, fomos cortando mato carquejas, sargaços, queirós e até algumas ramas de giesta para estrumar as lojas das vacas, ovelhas, cabras e porcos para agora temos estrume que serve como fertilizante para uma melhor produção.

Os dias são grandes, o trabalho é de sol a sol ou seja começa-se ao nascer do sol e acaba-se muito para além de o sol se por, esta atividade agrícola é a que mais gente envolve e a mais animada com muita diversão. Começa-se a fazer a roga das pessoas no fim de junho para que os lavradores possam escolher os melhores dias e o maior número de pessoas.

Esta tradição manteve-se durante muitos anos, com poucas alterações, um trabalho que também é uma festa no final da segada, cantava-se a desgarrada e sempre com um pezinho de dança, as refeições eram de melhor qualidade e variedade, finda a segada enrolheiravam-se os molhos do centeio alguns dias enquanto se cortava o feno, e só depois do feno arrumado nos palheiros é que se fazia a carreta até a fraga onde se erguia a mêda, toda esta área era preenchida todos os moradores erguiam a sua mêda, depois era malhado o centeio uma de cada vez, primeiro as da frente depois as outras. Cada malhada envolvia quase todas as pessoas da aldeia havia uma entre ajuda e colaboração de todos, uns malhavam, outros colhiam a palha nos palheiros por cima do feno, outros transportavam o cereal para as caixas, outros separavam o colmo, outros tiravam o molhos do centeio da meda, outros até escolmavam se não fossem precisos nas outras atividades referidas.”

Texto citado de Ilídio Bonifácio Magueja.