Albino Ribeiro, mais conhecido por mestre Albino, nasceu em São Pedro de Paus – Resende, e foi dos pioneiros da arte da olaria em Ribolhos, no concelho de Castro Daire. Foi aqui que constitui família e continuou a tradição que herdou do seu pai. Casou com Glória de Almeida e teve oito filhos, sendo Ernestina Nascimento a única que, com 91 anos, ainda se encontra viva.

Inicialmente, a família vivia no Fundo do Povo, até o pai, devoto de Santo António, ter adquirido uma quinta, na parte mais cimeira da aldeia, que passou a cultivar. A pia, o pico, a roda e todos os instrumentos associados ao ofício acompanharam a família nas mudanças.
Ernestina Nascimento vai desfiando o novelo de memórias ligadas ao pai e que estão, inevitavelmente, entroncadas na vida familiar e na olaria.

A procura e a extracção dos pelões de argila, a redução do barro a pó, o processo de amassar, a moldagem, a necessidade de secar as peças e a cozedura da loiça estão entre as diferentes etapas. A propósito desta última fase, conta que o pai empilhava cuidadosamente entre “40, 50 ou 60” peças, à volta das quais eram colocadas as cavacas, encimadas pelas ‘codecas’ dos pinheiros, cuja madeira também tinha de ser de qualidade. A soenga, acrescenta, destapava-se no dia seguinte, usando-se o carvão para encher sacos que eram vendidos em Castro Daire.

De quando em vez, Ernestina também ajudava a ‘tocar’ a roda, para as peças ganharem altura, como quando o pai aceitou uma encomenda para fazer uma panela de grandes dimensões, para desespero da sua mãe.

Os domingos eram sinónimo de venda da loiça. Com a ajuda do burrito, pai e filha iam com as peças até Figueiredo, Alva, Soito ou Vila Meã. Na época própria, era possível ver o oleiro, devidamente arranjado com a sua camisa branca, conforme o recorda a filha, na Feira Franca. Já quem se dirigia a Ribolhos para ir à missa podia fazer negócio com a sua mãe.

Talhas, panelas, caçoilas e púcaros estão entre as obras que o mestre Albino produzia e cujo tilintar, assegura a filha, era único e muito elogiado pelos fregueses. Entre o seu legado ficam ainda candeeiros, cálices e as emblemáticas figuras de barro que enchiam uma das divisões da casa.